Como as transformações da mídia brasileira afetam o mundo do trabalho dos jornalistas, especialmente das mulheres com mais de 40 anos, em suas múltiplas dimensões? Para responder à questão, a autora Dimalice Nunes parte de um diálogo entre os campos da Economia Política, Comunicação, Estudos de Gênero e Sociologia do Trabalho. É a partir da literatura e dados atualizados sobre o caso brasileiro que as transformações da mídia, enquanto negócio inserido na lógica capitalista, são sistematizadas.
As mulheres são maioria no jornalismo e, embora mais escolarizadas, são submetidas a posições mais precárias. Com a fala das entrevistadas, a autora mostra como as mulheres jornalistas percebem e reagem aos fenômenos que as levam a não conseguirem se colocar no mercado de forma segura e como essa fragilidade impacta as diversas esferas de suas vidas.
A pesquisa aborda, como poucas, a relação entre a estrutura patriarcal das empresas de comunicação e o mercado de trabalho majoritariamente feminino, bem como quem são essas mulheres e como elas vivenciam esses processos. Divididas em três gerações, as entrevistadas vivenciam a discussão estruturante: a deterioração progressiva das condições de trabalho, fenômeno nomeado de escalada da precariedade.
Dimalice Nunes é jornalista com mais de 20 anos de experiência em importantes redações em São Paulo e Brasília, principalmente no jornalismo econômico. Hoje aos 43 anos, não só assistiu como vivenciou muitos dos fenômenos descritos neste livro. Foi a observação das velozes transformações da mídia e seus efeitos sobre a vida profissional e pessoal de suas colegas de redação que a inspirou a realizar esta pesquisa. Gestada na pós-graduação em Mídia, Política e Sociedade, concluída em 2017 na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, a pesquisa foi levada para o programa de Economia Política Mundial da Universidade Federal do ABC no ano seguinte, defendida para o título de mestre em 2020. Este livro, publicado em outubro de 2021 pela Editora Insular, é o resultado destes anos de trabalho intenso de pesquisa acadêmica e de campo.